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Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto, a 6 de Novembro de 1916, e faleceu em Lisboa, a 2 de Julho de 2004. A sua escrita, a sua poesia assenta na observação do exterior e é nos 4 elementos – terra, água, ar e fogo – que encontra a beleza poética e o reencontro com as origens. A natureza funciona como o elemento que poderá conferir harmonia entre os homens e onde encontra as suas memórias de infância. Sophia é, sem dúvida, uma das minhas memórias de infância. Nunca mais me poderei esquecer que foi com A menina do Mar, com apenas 7/8 anos, que o meu gosto pela leitura disparou. Seguiram-se O Cavaleiro da Dinamarca, O Rapaz de bronze, A Fada Oriana... O meu imaginário de criança começou a ser construído através da leitura destes contos e, na adolescência, foram acrescentados os poemas que transpiram a liberdade onde o Mar é recorrente e essencial. Mar que simboliza o infinito, as memórias de infância, os nosso próprios segredos, a verdade, a transparência e a pureza, a beleza, o desejo pela descoberta, pelo conhecimento, e essencialmente o eterno movimento, a vida e a morte. São premissas essenciais do meu imaginário musical enquanto compositora e que estão presentes nesta obra de homenagem a uma das figuras incontornáveis da cultura portuguesa. Este Mar que nos liga, a todos, num mundo redondo e pluricultural. Que privilégio ter a estreia de uma nova obra, no mês em que Sophia completaria 98 anos, no ano em que se celebram 10 anos do seu desaparecimento, na sua cidade natal, numa Casa onde se respira cultura e de onde é possível observar o Mar.
Mar de Sophia é a minha interpretação musical do fundo do mar, onde “há brancos pavores”, um “Mundo silencioso que não atinge/ A agitação das ondas”, porque “Sobre a areia o tempo poisa/ Leve como um lenço”, “Mas por mais bela que seja cada coisa/ Tem um monstro em si suspenso.” (in Fundo do Mar, Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética I)
Ana Seara, 2014