-
1. Ecstatic
2. Cadenzas
3. Improviso
4. Funky
Inicialmente escritas para clarinete e acordeão, cada uma destas quatro peças tem o seu mundo próprio e cria o seu ambiente particular. Desde a energia rítmica de Ecstatic à plasticidade métrica de Funky, passando pela estaticidade de Cadenzas ou a introspecção de Improviso, uma e cada qual almeja a sua vida própria, constituindo um pequeno quadro musical com história e particularidades intrínsecas. Ainda assim, houve três preocupações primordiais na concepção do conjunto: 1) dar momentos de destaque ao clarinete; 2) dar momentos de destaque ao acordeão; 3) criar momentos de diálogo e interacção entre os dois instrumentos. A escrita para o acordeão, com as suas quase infinitas possibilidades tímbricas, foi ao mesmo tempo uma preocupação (o que fazer com toda aquela panóplia de registos disponíveis?!) mas também um desafio! E apesar de todas as explicações, esta continua a ser música pura e abstracta, que deve ser usufruída pelo simples prazer de se ouvir.
O alinhamento proposto pelo autor é meramente indicativo, pois cada um dos andamentos é uma peça autónoma e auto-suficiente, podendo por isso ser executada independentemente, conjugada apenas com alguma(s) outra(s), ou até mesmo a totalidade delas noutro ordenamento diferente do aqui sugerido, à escolha dos intérpretes, considerando as especificidades únicas de cada concerto ou recital.
A realização desta adaptação para clarinete e piano, feita a pedido dos meus amigos e colegas Victor Pereira (clarinete) e Vítor Pinho (piano), exigiu um trabalho minucioso de reconversão da parte de acordeão às especificidades do piano. Embora o conteúdo musical da obra tenha permanecido inalterado, esta adaptação exigiu igualmente alguns pequenos ajustes de pormenor à parte de clarinete, por forma a manter orgânica a coerência do discurso musical neste novo formato instrumental.
Luís Carvalho, 2018