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Foi uma professora de piano que, em 1973, pediu a Kurtág para escrever peças com fins pedagógicos. Kurtág já não escrevia música há três anos e este pedido despoletou nele um pico de criatividade que o levou a compor centenas de pequenas peças ao longo de vários anos. O desafio era desenvolver formas inovadoras de explorar o piano e a nossa relação corporal com ele, para além de estimular a imaginação dos intérpretes através de novas formas de notação musical. O desafio, que inicialmente era destinado aos mais pequenos, alargou-se a pianistas de todas as idades. O piano tornou-se, assim, uma espécie de parque de diversões onde as mãos podem deslizar sobre as teclas a diferentes velocidades, onde as palmas das mãos substituem muitas vezes os dedos, onde todo o corpo é chamado a intervir. A correspondência entre gesto e som é central na composição de Játékok e o intérprete fica sempre colocado num papel de explorador. Ao ler a partitura é levado a procurar um resultado sonoro que não está tão pré-determinado como na escrita convencional. Nesta procura, tem que manter presente que este é um jogo entre o piano e o seu corpo, comandado, em última análise, pelo seu ouvido e pela sua imaginação. As diferentes peças focam-se em aspectos diferentes, desde a exploração de uma nota só, de glissandos, de clusters (blocos de notas), de ritmos, de jogos dinâmicos ou tímbricos, etc., etc. Alguma da notação gráfica só pode ser interpretada de forma intuitiva, colocando ao intérprete a questão de o que fazer perante determinado desenho na pauta. Desta forma, a mesma peça pode originar respostas muito distintas. A duração das peças de Játékok varia entre meia dúzia de segundos até alguns minutos e a sua dificuldade varia entre o possível para principiantes e o difícil para profissionais. Tudo faz parte do jogo.
2012
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