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A inclusão de Aberturas nos concertos orquestrais, sem cantores, é uma forma de trazer para palco uma referência ao repertório que habitualmente se interpreta nos Concertos de Gala, as árias de ópera. A Abertura inclui referências aos principais temas musicais que delinearão a obra em causa, seja ela uma ópera, um bailado ou outro género – uma prática que se tornou corrente especialmente no século XIX. Cavalaria Ligeira é uma opereta do compositor austríaco Franz von Suppé que caiu no esquecimento. A sua Abertura, contudo, contraria este destino e faz parte do repertório de orquestras de todo o mundo. Data de 1866, o ano anterior à união da Áustria e Hungria num mesmo Império que duraria até final da Primeira Grande Guerra, e reflecte o fascínio que os austríacos então nutriam pela cultura mais exótica dos seus vizinhos. Os temas militares são imediatamente convocados no início, com o solo de trompete em estilo de fanfarra que se estende depois a outros metais. Após um tema rápido nas cordas, regressam os motivos militares com o famoso tema galopante, primeiro nos metais e logo alargado a toda a orquestra. Com a chamada do clarinete solo ouvir-se-á, depois, o tema húngaro da opereta, num uníssono emotivo das cordas.
Fernando Lima, 2015
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