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Lindberg compôs Arena para orquestra em 1994/95. O título da obra, sugerindo o espaço onde decorre uma competição, é um reflexo do facto de ter sido escrita como obra de concurso para a primeira edição do Concurso Internacional Sibelius para Maestros, realizado em Helsínquia em Maio de 1995. Nesse contexto, configurava um desafio à técnica e capacidades musicais dos maestros, com numerosas mudanças de compasso e de tempo e questões de equilíbrio. Mas parece ter sido essencialmente pensada como uma peça orquestral virtuosista, num único andamento de cerca de um quarto de hora, para ser apreciada pelo público. Em 1996, respondendo a uma encomenda da London Sinfonietta, Lindberg fez um arranjo da obra para um ensemble de 16 solistas (quatro madeiras, quarto metais, percussão, teclados, harpa e cinco cordas), dando-lhe o título de Arena 2 – um processo inverso àquele através do qual transformou a obra Corrente para ensemble em Corrente II para orquestra. De uma obra na qual um grande conjunto de detalhes dão forma a gestos largos, fez uma outra na qual os detalhes se destacam claramente e se autovalorizam. O estado de espírito é estabelecido pela abertura, em que proliferam diferentes figurações e mudanças constantes de cor e textura. Tudo acaba por encontrar um ponto de estabilidade num episódio com harmonias sustentadas, a partir do qual emerge um solo de violoncelo na região aguda do instrumento. Um regresso à abertura conduz a um episódio enérgico, com carácter de dança; a este sobrepõem-se extensas melodias nas cordas e metais, que tomam a dianteira numa coda cada vez mais consonante, reminiscente do universo sonoro de Mahler ou Berg.
Anthony Burton, 2016
Tradução: Fernando P. Lima