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  • Babil é uma das quatro obras concertantes compostas por Aperghis até à data (uma das outras é Bloody Luna, para violoncelo e ensemble, peça de 2007 encomendada pela Casa da Música). É uma encomenda do ensemble francês Ars Nova, que a estreou em 1998 sob a direcção de Philippe Nahon, com o clarinetista Armand Angster.

    Apesar de não ser organizado da forma tradicional, em vários andamentos (há um único andamento, contendo várias partes directamente ligadas), esta peça não deixa de apresentar vários traços convencionais da ideia de concerto: o virtuosismo do solista; a oposição entre este e a orquestra; a variedade de caracteres expressivos, que vão de uma extrema animação e excitação (mais visível no início da obra) a uma grande interiorização, de sentimento quase nostálgico (mais visível na parte final da obra).

    A peça tem essencialmente três partes que, globalmente, são cada vez mais curtas e mais calmas. Na orquestra, a primeira parte opõe, essencialmente, figuras musicais de três tipos: i) movimentos agitados e mesmo violentos (como o pizzicato inicial nas cordas); ii) figuras mais calmas, quase resignadas, as mais das vezes em movimentos ondulantes com quartos de tom – um tipo de movimento musical extremamente característico do estilo do compositor; iii) pequenos corais em andamento moderado, muitas vezes ouvidos nos pianos. O clarinete apresenta, inicialmente, duas ideias, associadas às anteriores: fragmentos de um movimento ondulante, no registo sobreagudo; um outro movimento mais contínuo no registo mais grave, também de natureza ondulante. Inicialmente, o clarinete está ainda muito imerso na brutalidade da textura orquestral, embora vá tentando (aqui e ali com sucesso) ganhar maior protagonismo.

    Após uma interrupção e um ataque brutal no piano e marimba, a sonoridade fica mais rarefeita. Inicia-se então a segunda parte da obra, com destaque para glissandos ascendentes e descendentes no solista, sobre um fundo menos saliente nos outros instrumentos. Neste contexto globalmente menos denso, o clarinete ganha assim maior destaque. Após uma breve cadência do solista, a ideia do glissando é transferida para as cordas, regressando então alguns elementos enérgicos (análogos aos da primeira parte), mas agora num contexto mais desintegrado e menos denso.

    Chegamos então à parte final de Babil, assinalada na partitura como um Adagio. Num andamento extremamente lento, de carácter expressivo e resignado, o clarinete elabora uma lenta melodia, sobre um fundo estático das cordas, algumas madeiras e metais.


    Daniel Moreira, 2012

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