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O danzón é uma dança tradicional cubana, onde surgiu por evolução a partir da habanera, um outro ritmo que se encontra um pouco por todo o universo hispânico e que podemos escutar no tango e em várias danças crioulas. Os danzónes tinham uma estrutura simples: 4 compassos de introdução e mais 4 de paseo eram intercalados por melodias diferentes de 16 compassos. Esta dança começou por ser comum em desfiles carnavalescos e depois alargou-se aos salões de baile. Pela forte influência da comunidade cubana na província de Veracruz, o danzón tornou-se comum no México, país onde ganhou uma popularidade ainda maior.
O Danzón nº 2 de Márquez resultou de uma encomenda da Universidade Autónoma do México, onde foi estreado no ano de 1994. Tem início com uma bela melodia insinuante tocada pelo clarinete e acompanhada por uma discreta percussão típica do Caribe. Um oboé vem juntar-se num diálogo que cresce suavemente de intensidade até à entrada das cordas que apresentam um novo tema. Esta primeira parte da peça contrasta com a secção seguinte à qual se juntam os metais e onde o ritmo se torna cada vez mais agitado e o tempo mais rápido, frenético como só as danças latino-americanas conseguem ser. No desenvolvimento destes temas há lugar para diversos solos muito contrastantes, como o de um tímido flautim, o da secção das madeiras, o do violino ou o do trompete, este num estilo de improviso jazz. Uma outra presença importante, a lembrar as orquestras de baile, é a do piano. A contínua utilização da percussão, as acentuações dinâmicas fora de tempo e os glissandos que deslizam para as notas mais importantes contribuem inequivocamente para o sabor latino do Danzón, que termina como se todos os instrumentos da orquestra tivessem a função exclusiva de percutir ritmos de dança.
Foi devido à jovem estrela da direcção de orquestra mundial Gustavo Dudamel incluir o Danzón nº 2 no repertório das suas digressões internacionais com a fenomenal Orquestra de Jovens Simón Bolívar, da Venezuela, a partir de 2007, que Márquez ficou conhecido à escala global. A peça é hoje um estandarte da música sul-americana.
Rui Pereira, 2012