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Uma qualidade que parece caracterizar o Dialogue sur les Grands Jeux que se encontra no Premier livre d’orgue de Nicolas de Grigny (Reims, 1672-1703), obra também bem conhecida por Bach que a copiou e estudou a fundo. Esta publicação reúne a música para as 4 secções do Ordinarium Missae mais 5 hinos e algumas outras peças deste compositor e organista francês, do qual chegaram até nós poucos dados e que, com a excepção de um breve período em Paris, viveu e trabalhou sempre na cidade de Reims onde morreu ainda jovem. A sua obra traz à luz uma outra faceta do Barroco francês, ligada ao ritual religioso de uma sede cardinalícia de província, em vez do da corte de Luís XIV, mas que é igualmente rica e sumptuosa. Nela emerge a capacidade de Grigny assimilar a tradição anterior e repropô-la sob uma forma original através de uma escrita que é de considerável nível técnico mas também de grande força e eficácia, especialmente na expressão do sentimento religioso: elemento este que, não por acaso, é outro ponto de contacto com Bach.
Francesco Esposito