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1. Prelúdio (Moderato) –
2. Scherzo (vivace) –
3. Marcha (Tempo di marcia)
4. Valsa (Vivo)
5. Ária (Andante espressivo)
6. Serenata (Allegretto)
7. Sarabanda (Lento non troppo) & Cadência –
8. Finale (Vivo)
Diversions foi o resultado da colaboração de um compositor profissional com um instrumentista, neste caso, da colaboração de Blake com Maurice Gendron, considerado um dos mais importantes violoncelistas do século passado e que, curiosamente, fez a sua estreia acompanhado ao piano por Benjamin Britten, aluno de Frank Bridge. Diversions teve uma versão prévia, para violoncelo e piano, já concebida como uma suite, o que remete logo para o antecedente ilustre das suites para violoncelo solo de Johann Sebastian Bach, transformadas por Pablo Casals em peças incontornáveis do repertório para o instrumento. Seguindo a sugestão de Gendron, Blake adicionou um novo finale, ampliou alguns dos andamentos e escreveu uma espectacular cadência. O violoncelista orientou ainda Blake no sentido de extrair, nas suas palavras, o “máximo efeito e virtuosismo de cada aspecto do violoncelo”.
O violoncelo trata-se, com efeito, de um objecto sonoro particular, cuja personalidade se destaca pela nobreza e expressividade. Afirma-se habitualmente que é o instrumento mais próximo da voz, e esse é um dos traços que Blake melhor explora na sua obra – logo nos primeiros compassos, por exemplo, ou mais à frente na Ária. A escrita instrumental desta obra é muito diversa e exigente. Para além dessa especial qualidade vocal, que requer do instrumentista um fraseio impecável e que aqui se estende a todos os registos, a partitura usa uma ampla gama de diferentes técnicas e efeitos que contribuem para que se possa escutar uma variada paleta de cores na parte solista. Deixa igualmente espaço para o puro virtuosismo, como por exemplo no Vivo com que se inicia o último andamento, repleto de rápidas escalas, saltos e cordas duplas.
Teresa Cascudo, 2017