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O título da obra faz referência ao quadro de James Abott Whistler “Nocturne in Black and Gold”, pintado em 1875, e que retrata a queda dos foguetes de um fogo‑de‑artifício. Este mesmo quadro seduzira Debussy no seu segundo nocturno “Fêtes”. Aqui, a noite é o cenário, inflamada pelos clarões, pelos fragmentos e pelas fagulhas. A realização é activa, eficaz, percebe‑se o movimento, a rapidez, o mistério, a fluidez da pintura, elementos também inerentes à minha escrita musical, na qual pretendi, muitas vezes, traduzir a relação entre a matéria pictórica e o material sonoro. Esta relação é aqui sugerida pela utilização de técnicas típicas das cordas. Além disso, quis insistir na dimensão espacial, particularmente sensível neste quadro, ao utilizar e opor as tessituras extremas dos instrumentos.
Nota do compositor.
Tradução cedida gentilmente pela Fundação Calouste Gulbenkian.