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  • O Idílio de Siegfried (WWV 103) – cujo título completo é: “Idílio de Triebschen com canto de pássaros Fidi e nascer do sol alaranjado, prenda de aniversário sinfónica de Richard Wagner à sua Cosima” – foi composto em 1870, após o nascimento (em 1869) do último filho do casal, Siegfried Wagner, sendo Fidi o seu nome familiar. O canto dos pássaros e o nascer do sol referem-se a aspectos pessoais, de significado íntimo para o casal, e a primeira versão desta peça foi estreada na alvorada do dia 25 de Dezembro de 1870, tocada por quinze músicos da orquestra de estudantes de Hans Richter, nas escadas interiores da grande Villa de Triebschen – a famosa residência junto ao lago de Lucerna, que tinha sido habitada por Franz Liszt (pai de Cosima) e Hans von Bülow (o primeiro marido desta). Nessa manhã Cosima completava trinta e três anos, tendo sido magicamente despertada pelo som desta música. No seu diário pode ler-se a seguinte entrada:

    “Domingo, 25 de Dezembro, 1870. Sobre este dia eu não consigo dizer nada – nada sobre os meus sentimentos, nada sobre o meu humor, nada, nada, nada. Eu só posso contar, seca e directamente, o que se passou. Quando acordei ouvi um som, um som que crescia continuamente; apercebi-me então que já não estava a sonhar, mas que estava a ouvir música, e que música! Quando a música acabou Richard veio ter comigo com as cinco crianças e ofereceu-me a partitura da sua prenda sinfónica. Eu estava desfeita em lágrimas, mas o mesmo se passava com todos os criados da casa. Richard tinha montado a orquestra nas escadas e assim consagrado Triebschen para sempre. O Idílio de Triebschen – assim se chama a peça. Depois do pequeno-almoço a orquestra voltou a tocar, e novamente se ouviu o Idílio, agora tocado no piso térreo. Seguiu-se a Marcha Nupcial da Lohengrin, o Septeto de Beethoven e, uma vez mais, o Idílio. – Agora deixa-me morrer!” – exclamei para Richard.”

    O poema sinfónico Idílio de Siegfried teve pois uma génese e nascimento extremamente íntimo e familiar, tendo Wagner proibido durante anos a sua execução e publicação. Todas as interpretações desta obra eram feitas para círculos restritos de amigos ou patronos de Wagner, criando a aura duma obra legendária e misteriosa. Só em 1878, devido à gravíssima situação financeira do compositor, é que a editora Schott teve autorização para imprimir e vender a partitura – “a mercantilização duma declaração de amor”, diria Wagner mais tarde.

     


    Paulo de Assis, 2007

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