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1. Die Nacht
2. Denn das Schöne
3. Jeder Engel
4. Einsam
5. Steigendes Glück
A vitalidade da tradição polifónica pré-barroca como fonte de inspiração e estímulo para a procura de novas e originais fórmulas expressivas também é testemunhada por uma composição já do século XXI, Rilke-Madrigale (2005) do compositor alemão Bernd Franke (Weissenfels/Saale, 1959), escrita quatro anos depois de um outro ciclo dedicado à música e à figura do madrigalista italiano Gesualdo da Venosa (Significatio-Gesualdo, 2001).
O mesmo Franke recorda como, depois de alguns trabalhos de juventude baseados em textos de Rilke, ele não mais utilizara os versos deste poeta devido a uma espécie de respeito reverencial para com a sua poesia “altamente musical”, regressando a eles só na maturidade, depois de um percurso profissional que o tinha visto trabalhar sobre uma grande variedade de textos de autores de diferentes períodos. De acordo com uma técnica composicional já consolidada ao longo dos anos, a abordagem dos versos de Rilke tenta procurar a sua essência, que se tornará depois a chave para expressar o seu “próprio mundo musical, novas atmosferas, estranhos e distantes mundos”. Para este fim, o compositor fez uma selecção de fragmentos extraídos da primeira e da décima das Elegias de Duíno de Rilke, que foram o estímulo para a sua pesquisa pessoal na qual conflui, evidentemente, a sua bagagem de interesses e de diferentes experiências musicais: em particular a música antiga ocidental e a música das tradições indianas e árabes que, no olhar do compositor, desvelam alguns significativos pontos de contacto. A obra começa com uma fascinante evocação da prática medieval do organum e, em seguida, alterna secções que exploram os contrastes tímbricos, dinâmicos e rítmicos seja do canto, seja da fala, bem como uma variedade de possíveis combinações de estruturas modais, relações intervalares, e, em definitivo, tudo o que na poesia de Rilke pode ser significativo para o “desenvolvimento, identificação, investigação, pressentimento de sons, tons e ritmos”. O resultado é uma obra de grande eficácia que, sem renunciar à imediatez comunicativa, se desenvolve com elegância e originalidade.
Francesco Esposito, 2015