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Allegro – Largo – Allegro
Filho de um violinista italiano da corte de D. João V, Pedro António Avondano seguiu os passos do pai como 1º violino da Real Câmara de D. José I a partir de 1763, num período de italianização da cultura musical portuguesa. Avondano desenvolveu também uma actividade importante como compositor; entre os géneros que cultivou salienta-se a música instrumental para teclado ou de câmara (incluindo música orquestral), e também música vocal, com destaque para ópera, cantata e música sacra. A década de 1760 e o início da década de 1770 terão sido os períodos de maior relevância na sua carreira, tendo promovido eventos como os concertos da Assembleia das Nações Estrangeiras, em Lisboa, a partir de 1766.
A Sinfonia em Fá maior é representativa dos primórdios da sinfonia, que tem a sua origem nas aberturas de ópera italiana de início do séc. XVIII. Nestas já se evidenciava a estrutura tripartida de andamentos (rápido – lento – rápido), sequência que se viria a expandir, dando origem a andamentos autónomos de carácter distinto. A Sinfonia em Fá maior apresenta precisamente 3 secções, seguindo a sequência rápido (Allegro) – lento (Largo) – rápido (Allegro), mas não podemos falar de andamentos autónomos já que o Largo funciona como uma introdução ao Allegro final. A duração da obra (menos de 5 minutos) é extremamente reduzida em relação a sinfonias mais tardias, o que reforça a ligação estilística desta obra à abertura de ópera italiana.
O Allegro que abre a Sinfonia é a secção mais desenvolvida, caracterizada pela utilização de notas repetidas, uma técnica utilizada para sugerir agitação. O seu início alterna com um outro segmento mais lento em estilo de lamento ou suspiro, reforçando o contraste com a agitação. O Largo, caracterizado pela utilização de ritmos pontuados e pela sua brevidade, introduz um Allegro final igualmente breve, em compasso ternário. A utilização deste compasso e a elegância que exprime sugerem a influência das danças de corte, nomeadamente do minueto.
Helena Marinho, 2015