-
Estamos perante uma das primeiras obras de Jorge Peixinho para orquestra composta em Roma, aquando dos seus estudos na Academia de Santa Cecília com Boris Porena e Goffredo Petrassi, a quem dedicou a obra. Sobreposições, como o nome indica, utiliza o processo composicional da sobreposição de estruturas ou elementos musicais heterogéneos. Elementos estáticos e dinâmicos surgem, com frequência, em planos de sobreposição. A peça, refere Peixinho, “articula-se numa série de pequenas zonas encadeadas sucessivamente com uma série de elementos comuns que se sobrepõem. A reexposição de algumas zonas musicais obedece a um critério totalmente distinto do da tradição clássica; por vezes certos fragmentos reexpostos são abruptamente interrompidos” (Cf. CD Jorge Peixinho, Portugalsom 870027 PS, 1991). Nesta obra, do início da sua carreira, adivinha-se já o seu agudo interesse pela pesquisa de timbres. Explora, na busca dos seus limites, o timbre dos instrumentos da tradição europeia, utilizando este parâmetro com uma função estrutural, numa relação complexa e umbilical com os outros parâmetros musicais. Esta particular economia dos parâmetros composicionais, articulados a partir da centralidade do timbre, tornar-se-á uma característica distintiva do idioma musical de Jorge Peixinho, no curso da sua actividade de criação.
Cristina Delgado Teixeira
-
- Artigos
- Loja Casa da Música