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Mason Bates é um premiado compositor norte-americano que tem conquistado as salas de concerto pela sua originalidade e propostas arrojadas que sugerem um encontro entre a electrónica e a orquestra. É actualmente um dos mais conceituados e interpretados compositores contemporâneos, e foi recentemente anunciado como artista residente no Kennedy Center for the Performing Arts.
Estudou Música e Literatura Inglesa na Julliard School, tendo depois concluído o doutoramento na Universidade da Califórnia (Berkeley), onde estudou com Edmund Campion. Este professor e compositor foi particularmente importante no seu percurso enformando a concepção das relações entre som e espaço, assim como na integração de instrumentos acústicos com tecnologia, em particular computadores, marcada também pela passagem no IRCAM. Desenvolveu também uma intensa actividade como DJ em Oakland, dominando os vários géneros e subgéneros da dance music, um mundo ao qual sempre se manteve ligado.
Considera que as possibilidades do digital na orquestra, quase como um novo naipe, podem ser inúmeras, permitindo paisagens sonoras verdadeiramente imaginativas. Para Mason Bates, a orquestra é um grande “sintetizador” a partir do qual é possível criar novos sons com instrumentos antigos. Como DJ procura incorporar algumas das mais importantes referências da denominada dance music, em particular do techno de Detroit, entre outros. Na sua actividade como DJ utiliza o nome artístico DJ Masonic.
Destacam-se vários momentos importantes na sua carreira pautados por colaborações marcantes, como a abertura da temporada do Carnegie Hall em 2012, na qual Riccardo Muti dirigiu a Orquestra Sinfónica de Chicago com a obra Alternative Energy.
A sua produção musical como compositor inclui trabalhos sinfónicos, destacando-se Mothership (2011), encomendada para a Orquestra Sinfónica do Youtube e interpretada também pela Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música em 2011, ou os Concertos paraviolino (2012) e violoncelo (2014). As obras de câmara e vocais ocupam também um lugar no seu catálogo, assim como a música para cinema, procurando diversificar a sua actividade por vários géneros e estilos musicais.
The Rise of Exotic Computing é uma curta e intensa obra para sinfonietta e electrónica que foi encomendada e estreada pela Orquestra Sinfónica de Pittsburgh a 5 de Abril de 2013, no Mercury Soul, um evento híbrido onde electrónica e música erudita se encontram. A sua concepção parte de uma linha descendente que depois se espalha, explorando a ideia de exotic computing, ousynthetic computing, e que, nas palavras do próprio compositor, “permite ao código do computador crescer de um modo quase orgânico”, como se este tivesse as suas próprias ideias autónomas e independentes da intervenção humana.
O efeito de acumulação com referências a géneros da dance music, como por exemplo da cena techno de Detroit e do seu ícone Jeff Mills, são evidentes, tal como os motivos que vão de instrumento em instrumento no ensemble instrumental criando uma paisagem sonora dinâmica e verdadeiramente orgânica. No entanto, segundo Bates, esta obra não apresenta um carácter tão lírico ou narrativo como outras, por ter nascido num ambiente mais relacionado com os clubes nocturnos, em que os elementos rítmicos do mundo do techno definem cada momento da obra. O seu clímax revela os “beats” de música techno com o empenho do ensemble a replicar este imaginário e a contribuir para uma leitura que se propõe inovadora e que revela este nascimento do exotic computing.
Pedro Russo Moreira, 2016