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O compositor Cornelius Cardew foi uma das mais controversas personalidades da cultura britânica da segunda metade do século XX, marcando o mundo musical pelas suas composições de carácter experimental e pelos seus posteriores ataques à cultura da chamada Vanguarda Musical. Menino de coro da Catedral de Canterbury, Cardew estudou piano, violoncelo e composição na Royal Academy of Music, em Londres. Senhor de uma sólida formação e adepto da música do seu tempo, Cardew dirigiu a estreia inglesa de Le marteau sans maître de Boulez, em 1957, e foi assistente musical de Stockhausen entre 1958 e 1960, acusando depois o compositor alemão de representar o Imperialismo na música. O contacto com a música de John Cage, o qual conheceu em Colónia, teve um grande impacto na sua carreira e no grau de indeterminismo de algumas das suas composições mais célebres. Foi igualmente um importante introdutor das obras de Morton Feldman, La Monte Young, Earle Brown e Christian Wolff ao público inglês a partir de meados da década de sessenta.
As composições mais célebres de Cornelius Cardew são os seu Treatise (1963-67), um grande conjunto de partituras gráficas que dão ao intérprete grande liberdade de execução, e The Great Learning, com base em traduções de escritos do filósofo chinês Confúcio (séc. VI-V a.C.) feitas por Ezra Pound. Esta obra esteve na origem da Scratch Orchestra, fundada por Cardew.
Na década de setenta veio a rejeitar violentamente as correntes experimentalistas, adoptando um estilo de música ao serviço da sociedade. Escreveu canções infantis com base em melodias populares, música fácil de ouvir num estilo pós-romântico. Nesta década tornou-se um forte activista político ligado a diversos movimentos e partidos de esquerda, de linha marxista-leninista. A sua morte, por atropelamento e fuga nas proximidades da sua residência, permanece por esclarecer, sendo alvo de várias teorias de conspiração que a atribuem aos seus envolvimentos políticos.
2014
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