Error loading MacroEngine script (file: artista-header.cshtml)
  • Sob vários aspectos, a vida de Bedřich Smetana (1824-1884) foi típica de muitos músicos da Europa Central do seu tempo. O dinheiro não abundava, o trabalho permanente escasseava e era muito espaçado, só a composição não bastava; para se conseguir manter a cabeça à tona de água era preciso tornar-se um faz-tudo musical; maestro, virtuoso, preparador vocal, professor de música, o que correndo bem não garantiria mais do que uma prosperidade passageira. Smetana era um dos 18 filhos de um cervejeiro da província e da sua terceira mulher. Apesar das intenções do pai, que pretendia que se tornasse funcionário do estado, decidiu, aos 19 anos, tentar a sua sorte como músico em Praga, depois de um par de anos a estudar piano; foi subsistindo com um ou outro trabalho casual até a formação de uma escola de música lhe dar alguma segurança financeira e lhe permitir casar. Depois calhou-lhe em sorte o cargo de Director de Orquestra no teatro de Goteborg em 1856. Quatro anos mais tarde, regressou a Praga já como músico mais maduro e experiente, mas tendo atravessado também a experiência esmagadora da morte da mulher e da sua primeira filha. Depois de dez anos de luta, durante os quais tentou todos os géneros de trabalho disponíveis para um músico, o sucesso chegou sob a forma do cargo de Kapellmeister no Teatro Nacional de Praga e da sua ópera A Noiva Vendida, que continua nos nossos dias a ser apresentada regularmente nas casas de ópera de todo o mundo. Contudo, a ópera seguinte, Dalibor, não conseguiu integrar o repertório após as suas récitas iniciais, e uma campanha na imprensa, iniciada por críticos que se opunham ao seu apoio a Wagner, atingiu o auge em 1874, depois do falhanço da sua obra seguinte, As Duas Viúvas. Foi no Verão deste ano fatídico que apareceram os primeiros sintomas da sua doença. Primeiro, uma infecção na garganta recusava-se a abrandar, embora Smetana tivesse procurado um médico, que lhe receitou uma série de inalações. Então, enquanto passeava a pé no bosque, ouviu aquilo que descreveu como “sons de flauta extraordinariamente belos” e procurou durante algum tempo o flautista, que imaginava estar a praticar ao ar livre. Só quando o mesmo fenómeno lhe ocorreu dentro das suas próprias quatro paredes é que começou a suspeitar de que algo estava seriamente errado, e de facto estava; seguiu-se uma fase curta de interferências auditivas crescentes que dificultavam cada vez mais as suas funções como maestro, até a surdez se instalar no final de Outubro. A partir de Fevereiro de 1875, estava completa e profundamente surdo, de uma forma ainda pior do que Beethoven, que, até ao fim da vida, ainda conseguia ouvir algumas notas dos instrumentos de cordas mais agudos com o ouvido esquerdo. Pediu e obteve uma pensão de invalidez do Teatro Nacional e dedicou-se à composição. Como Beethoven, a melhor parte da sua produção como compositor, incluindo o ciclo dos seis poemas sinfónicos, Ma Vlast, e a obra que ouvimos esta noite, data deste período da sua vida.


x
A Fundação Casa da Música usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação, a segurança e o desempenho do website. A Fundação pode também utilizar cookies para partilha de informação em redes sociais e para apresentar mensagens e anúncios publicitários, à medida dos seus interesses, tanto na nossa página como noutras. Para obter mais informações ou alterar as suas preferências, prima o botão "Política de Privacidade" abaixo.

Para obter mais informações sobre cookies e o processamento dos seus dados pessoais, consulte a nossa Política de Privacidade e Cookies.
A qualquer altura pode alterar as suas definições de cookies através do link na parte inferior da página.

ACEITAR COOKIES POLÍTICA DE PRIVACIDADE