A obra

Em 1998, as cidades do Porto e de Roterdão são escolhidas como Capitais Europeias da Cultura para 2001. Feito o anúncio, põe-se em marcha um processo longo e complexo de gestão de meios, criação de programas artísticos, sociais e educativos sob a responsabilidade da recém-criada Porto 2001, S.A. Entre outras iniciativas, é lançada a promissora ideia da Casa da Música: um edifício de características únicas onde a Música teria uma residência.

 

Desde o início que o conceito de espaço público-privado foi perdendo terreno para a possibilidade de um programa único, capaz de responder às necessidades reais do público português. Quando o Ministério da Cultura, então conduzido por Manuel Maria Carrilho, abraça esta ideia, a máquina criativa está pronta para arrancar.

 

Em Março de 1999 são negociados entre a Porto 2001, S.A. e o Município a cedência e o usufruto do terreno a construir. À época, a escolha foi bastante mediatizada por obrigar à demolição da Estação Terminal dos Eléctricos do Porto, parte dos STCP. Foram quantificadas outras hipóteses de implantação mas chegou-se à conclusão de que a própria localização deste terreno - e, logo, da futura Casa da Música – iria imprimir a toda a área envolvente uma dinâmica de renovação urbana e social necessária a toda a Praça Mouzinho de Albuquerque. O edifício aí existente atingia já um avançado estado de degradação e o seu valor histórico-patrimonial foi considerado menor, em comparação com o do novo ícone que surgiria.

 

Em meados de 1999 dá-se então início ao Concurso de Arquitectura para o projecto da Casa da Música. Paralelamente a uma procura de limitar as candidaturas a profissionais com provas dadas da sua proficiência em projectos de arquitectura com estas funções e magnitude, foi feito um convite directo aos melhores dos melhores: Hadid, Zumthor, Foster, Siza Vieira, Koolhas, Herzog e de Meuron, para mencionar apenas alguns. Num total de 26 candidaturas, apenas 15 eram estrangeiras. Dada a curta duração do processo de Concurso, que se concluiria em seis meses, a vasta maioria desistiu, passando para a segunda fase sete arquitectos (Dominique Perrault, Norman Foster, Peter Zumthor, Rafael Moneo, Rafael Viñoly, Rem Koolhas e Toyo Ito) e para a terceira e última apenas três. Os projectos apresentados foram da autoria de Dominique Perrault, Rafael Viñoly e Rem Koolhas.

 

Muita polémica se gerou à volta da escolha do vencedor. A comissão de avaliação dos projectos era composta por Pedro Burmester, Nuno Cardoso, Manuel Correia Fernandes, Eduardo Souto de Moura, Ricardo Pais, Manuel Salgado, Artur Santos Silva e Álvaro Siza Vieira. Se em alguns aspectos técnicos os projectos de Perrault e Viñoly se revelavam muito competentes, eram também mais ligeiros em forma e expressão estética. O projecto de Koolhas permitia uma adaptação universal dos espaços internos e externos do edifício, uma linguagem fluente e coerente na utilização de materiais de fácil manutenção e, acima de tudo, uma singularidade formal. A forte dominante visual do edifício viria a pesar na sua escolha, concordante com o propósito assumido pela Sociedade Porto 2001 de buscar para a cidade uma nova identidade, um marco, um ícone e ponto de referência.

 

  • O Projecto

    Rem Koolhaas recupera um projecto anterior, a casa “Y2K”, para o transformar, moldar, expandir e, finalmente, adaptar a uma escala e um programa radicalmente diferentes. Revelando toda a sua proficiência e genialidade na metamorfose operada, apresenta uma Casa da Música que traduz uma afirmação de estilo, uma convenção estética, uma inconfundível marca de autor.

    A principal característica do projecto é a continuidade visual que se estabelece não só entre o interior e o exterior, mas também entre os próprios espaços de referência dentro do edifício. Uma relação de mistério, uma ambiguidade que provoca os sentidos, uma sensação de “caixa de surpresas” que acompanha o percurso do início ao fim.

    Do que era para ser uma moradia com cerca de 200 m2, Koolhaas fez um edifício de carácter cultural de quase 38000 m2.

  • Rem Koolhaas

    Rem Koolhaas nasceu na Holanda, em 1944, e estudou Arquitectura em Londres. É um nome de referência incontornável na arquitectura contemporânea, autor de uma obra marcada por inúmeras distinções, como o Pritzker Prize e o Prémio de Arquitectura da União Europeia Mies van der Rohe. Koolhaas criou em 1975 o OMA (Office for Metropolitan Architecture), em Roterdão, gabinete que, em 199, apresentou a proposta vencedora da Casa da Música do Porto. Em 2007 foi atribuído à Casa da Música o prémio do Instituto Real dos Arquitectos Britânicos (RIBA), com o júri a classificar o edifício de "intrigante, inquietante e dinâmico".

x
A Fundação Casa da Música usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação, a segurança e o desempenho do website. A Fundação pode também utilizar cookies para partilha de informação em redes sociais e para apresentar mensagens e anúncios publicitários, à medida dos seus interesses, tanto na nossa página como noutras. Para obter mais informações ou alterar as suas preferências, prima o botão "Política de Privacidade" abaixo.

Para obter mais informações sobre cookies e o processamento dos seus dados pessoais, consulte a nossa Política de Privacidade e Cookies.
A qualquer altura pode alterar as suas definições de cookies através do link na parte inferior da página.

ACEITAR COOKIES POLÍTICA DE PRIVACIDADE