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Nascido em 1810 nos arredores de Varsóvia, filho de um emigrante francês e mãe polaca, Chopin ganhou fama como pianista de extraordinário talento na sua capital. Após deixar o país, viria a tomar de rompante a Cidade Luz e afirmar‑se como um dos mais prodigiosos intérpretes e compositores de sempre.
Muitas das composições de juventude de Chopin estão associadas, como aliás aconteceu com Mozart e outros compositores‑intérpretes do mesmo calibre, a digressões europeias nas quais era fundamental impressionar as audiências de forma inequívoca. Para isso, era necessário escrever música que fosse simultaneamente inovadora, capaz de despertar fortes emoções e representasse um desafio técnico que apenas os melhores virtuosos pudessem ultrapassar.
Assim sucedeu com os dois concertos para piano e orquestra que Chopin compôs entre 1829 e 1830 e que levaria consigo na primeira grande digressão europeia. Ambos representam obras‑primas do chamado “estilo brilhante” onde toda a predominância recai sobre o solista, mantendo a orquestra um papel de acompanhamento. Escritos com a mesma finalidade, ambos se estruturam de acordo com um plano tripartido dentro da melhor tradição concertante. A um primeiro andamento composto por dois temas contrastantes, sucede‑se um segundo extremamente lírico e de carácter nocturnal. Para terminar, um rondó influenciado pelo folclore nacional representa a cereja em cima do bolo desta receita infalível.
Curiosamente, antes de partir em viagem com estes dois concertos, Chopin escreveu ao seu melhor amigo e confidente uma carta premonitória:
“Continuo aqui, não consigo arranjar forças para marcar o dia da partida. Parece‑me que, se me for embora, não voltarei a ver a casa; sinto que morrerei longe. E como deve ser triste morrer longe de onde se viveu! Como seria terrível ver junto do meu leito de morte, não os meus, mas um médico afectado ou um criado.”
Chopin partiu e nunca mais regressou ao seu país, morrendo 18 anos depois na cidade de Paris.
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