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Debussy é um dos mais importantes compositores da literatura pianística, instrumento que tocava extremamente bem e para o qual deixou um legado de grande dimensão. Escreveu dois cadernos de Prelúdios, cada um com 12 peças do género. Com isto, igualou o número mítico de 24 prelúdios (escritos por Bach ou Chopin e outros compositores posteriores), mas sem a preocupação de explorar as 24 tonalidades possíveis do sistema tonal. Nos seus Prelúdios, Debussy procurou novas possibilidades musicais nunca antes experimentadas, quer ao nível harmónico, quer ao nível da textura pianística, da forma, ou até mesmo da notação musical, chegando a usar diferentes tamanhos para as notas de forma a indicar uma hierarquia.
Debussy era um espectador e ouvinte atento da natureza. Por diversas vezes falou da forma como o som do mar, do vento nas folhas das árvores ou dos pássaros ficava gravado na sua memória e depois se manifestava na música. Ou, da mesma forma, as cores da linha do horizonte. Em muitos dos títulos das suas obras, na maior parte mesmo, Debussy não esconde a origem da sua inspiração e a influência da literatura, das artes plásticas ou da contemplação da natureza. Nos seus Prelúdios, o compositor atinge o expoente máximo na expressão musical de todas essas influências extra‐musicais e naquilo a que certos autores chamam de “arte da sugestão”, ou seja, de levar o ouvinte a visualizar a música através de impressões sonoras.