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  • Vulto maior da música norte-americana, Charles Ives pode ser considerado o primeiro modernista de uma nação que vivia a arte da composição segundo os moldes europeus, copiando a música do velho continente, sobretudo de linha germânica. Mas o seu modernismo não seguiu os moldes europeus a que geralmente associamos o termo, afirmando uma música com características nacionais perfeitamente identificáveis. De uma forma geral, a música de Charles Ives ficou conhecida pela utilização simultânea de diferentes tonalidades e de ritmos distintos, desfasados (politonalidade e polirritmia). Na utilização consistente dessas técnicas foi um vanguardista à escala mundial, antecipando a linguagem de muitos dos seus colegas europeus. No entanto, a sua fonte de inspiração principal sempre esteve na música popular e nos hinos religiosos dos Estados Unidos da América. Condicionantes da sua vida pessoal terão estado na origem de tão particular forma de escrever música.

    Charles Ives nasceu no estado de Connecticut, em Outubro de 1874. O seu pai, George Ives, era músico trompetista e maestro de banda (tocou na banda do exército durante a Guerra Civil), dirigia coros e orquestras de teatro e era uma figura respeitada na comunidade da pequena cidade industrial de Danbury. No entanto, vivia num tempo em que a profissão de músico não tinha um estatuto muito elevado na sociedade, facto que terá marcado o seu filho. Charles Ives ouvia muitas vezes a banda do pai tocar em coretos, em dias de festas. Nessas ocasiões havia sempre muitas bandas a tocar em locais diferentes ao mesmo tempo e a experiência de as ouvir ao ar livre, com intensidades diferentes conforme a proximidade de cada uma, terá influenciado fortemente o jovem Charles. Quando era ainda muito pequeno, com cerca de quatro anos, era costume chegar a casa e reproduzir as secções rítmicas com os punhos cerrados sobre as teclas do piano. O pai incentivava-o e nunca o contrariou. Proporcionou-lhe aulas de percussão e ensinou-o a tocar piano, entre outros instrumentos. Por diversão, o jovem reproduzia as experiências de ouvir duas bandas em simultâneo, tocando em diferentes tonalidades ao mesmo tempo. O pai gostava que ele prosseguisse uma carreira de pianista, mas Charles Ives tornou-se no mais jovem organista pago do seu estado, tinha apenas 14 anos. As primeiras composições foram escritas um ano antes, e com 17 anos era já autor de marchas com grande popularidade. As marchas da sua infância iriam mesmo marcar determinantemente a sua obra. Antes de fazer 20 anos, já dava mostras de grande originalidade ao escrever as primeiras peças politonais.

    Em 1893, Ives partiu para New Haven para ingressar na Universidade de Yale. O seu professor foi um dos grandes pedagogos da Escola de New England, Horatio Parker (1863 -1919), um compositor conservador pertencente à corrente germânica. A relação não terá sido fácil, mas Ives aprendeu muito com ele. Simultaneamente, ocupou o mais prestigiado posto de organista da cidade. Durante os seus anos de Yale, o pai faleceu repentinamente com uma paragem cardíaca. Há quem seja da opinião que a presença assídua da sonoridade de bandas na sua música seja o resultado de uma permanente homenagem ao pai.

    Acontece que, após terminar o curso em Yale, em 1898, Charles Ives não prosseguiu a carreira de músico. Tornou-se antes agente de seguros em Nova Iorque. Como mais tarde afirmou: “se se tem mulher e filhos, como podemos deixá-los passar fome com as nossas dissonâncias?” O facto de ter um emprego que lhe dava segurança financeira, e que mais tarde se tornou tremendamente bem sucedido, deu-lhe igualmente a liberdade de compor a música que muito bem lhe apetecia. Desenvolveu, assim, um estilo único e que é maravilhosamente ilustrado numa das suas mais conhecidas obras, Central Park in the Dark.


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