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Philippe Manoury (França, 1952) é considerado um dos mais importantes compositores franceses, para além de investigador e precursor no campo da electrónica ao vivo. O interesse pela composição através de modelos matemáticos levou-o ao Paris Institut de Recherche et Coordination Acoustique/Musique (IRCAM), onde trabalhou desde 1981 com o matemático Miller Puckette no MAX-MSP, uma linguagem de programação para electrónica interactiva ao vivo. Entre 1987 e 1991 compôs Sonus ex machina, um ciclo focado na interacção em tempo real de instrumentos acústicos e sons gerados por computador – um tema que continua a influenciar o seu trabalho. Essa interacção também caracteriza a sua abordagem à grande orquestra: Manoury transforma-a num laboratório de som onde testa novas possibilidades interactivas. Isso tem vindo a incluir cada vez mais a disposição espacial dos músicos na sala de espectáculos, algo que acontecerá precisamente no concerto especial de aniversário da Casa da Música, em que será feita a estreia mundial de uma nova obra encomendada para a ocasião.
Nenhuma das oito obras de Philippe Manoury apresentadas ao longo do ano pela Orquestra Sinfónica, o Remix Ensemble e o Coro Casa da Música foi alguma vez tocada em Portugal. Isto diz muito sobre a importância compositor em residência da residência na Casa da Música deste compositor de referência da actualidade, que é regularmente programado por muitas das principais salas de concertos do mundo. As várias obras em programa cruzam as narrativas da temporada ao longo do ano, e algumas delas trazem solistas de prestígio internacional: o pianista Nicolas Hodges toca Passacaglia para Tóquio com o Remix Ensemble, o GrauSchumacher Piano Duo junta-se à Sinfónica para Zones de Turbulances e o violinista Ashot Sarkissjan é solista na Partita B, uma peça escrita em homenagem a Pierre Boulez. É um conjunto muito relevante para conhecermos a música do nosso tempo e abrange um período bem recente, entre 1994 e a actualidade. A residência inclui ainda um seminário para estudantes de composição.
Ocupou vários cargos de ensino e artísticos – Ensemble Intercontemporain, Conservatório de Lyon, Orchestre de Paris, Festival d’Aix-en-Provence, Scène Nationale d’Orléans. É professor emérito da Universidade da Califórnia em San Diego onde deu aulas de composição. Em 2013 regressou a França e foi nomeado Professor de Composição na Académie Supérieure de la Haute École des Arts du Rhin, em Estrasburgo. Criou a sua própria academia de composição incluída no festival Musica de Estrasburgo em 2015.
Temporada 2020