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Inicialmente um autodidacta do piano, Olivier Messiaen estudou no Conservatório de Paris onde ganhou diversos prémios. Com apenas 22 anos de idade foi nomeado Organista Titular da Trinité, em Paris, um feito nunca alcançado por alguém tão jovem. Encetou uma verdadeira revolução no repertório deste instrumento e na arte da improvisação, vindo rapidamente a afirmar-se como um dos criadores mais singulares e com um idioma musical mais característico e identificável do século XX. A sua obra é marcada por uma profunda religiosidade.
Foi prisioneiro durante a Segunda Grande Guerra, altura em que escreveu o Quatour pour la fin du Temps, porventura a sua obra mais célebre. Após ser repatriado, foi nomeado Professor do Conservatório de Paris, lugar onde se tornou um dos pedagogos mais influentes do seu tempo.
O percurso da sua linguagem musical é extremamente interessante. Cultivando desde uma linguagem modal com acordes de grande densidade, onde são proeminentes determinados intervalos que se tornam reconhecíveis ao ouvido como sendo da sua autoria, Messiaen chegou a embarcar, em finais da década de 1940, nas correntes experimentais da Vanguarda musical. Foi mesmo Messiaen quem abriu a porta ao serialismo integral e que indicou novos caminhos a toda uma nova geração de compositores, entre os quais podemos incluir Pierre Boulez ou Karlheinz Stockhausen. No entanto, Messiaen rapidamente desvalorizou estas suas incursões mais radicais e voltou-se para os elementos da natureza como fonte inspiradora do seu processo criativo. Daí resultaram diversas obras que reproduzem o canto dos pássaros. Já em plena década de 1960, o compositor procurou fazer uma síntese estilística do seu próprio legado e criou obras de profunda devoção religiosa e grandes proporções como a célebre oratória La Transfiguration, resultado de uma encomenda da Fundação Gulbenkian, ou a ópera Saint François d’Assise. No contexto da programação da Casa da Música, a sua obra foi alvo de uma retrospectiva por ocasião do centenário do seu nascimento, em 2008.