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Arvo Pärt, compositor nascido na Estónia, país da antiga União Soviética, é um dos compositores mais venerados e ouvidos nos meios católicos. O cume dessa veneração terá sido o recente convite de Roma para membro do Conselho Pontifício da Cultura. Crente e compositor, em ruptura com o regime comunista decidiu, em 1980, emigrar com a família. Viveu na Alemanha e na Áustria, onde se naturalizou. Regressou ao seu país em 2000.
A sua obra e o seu pensamento têm atravessado várias etapas estilísticas e de linguagem até desaguar, na tradição do diatonismo e modalismo antigos, num estilo hierático, místico, litúrgico. O carácter neutro da harmonia neotonal cria no ouvinte esse conforto de estados hipnóticos, místicos e envolventes na esteira longínqua das liturgias musicais. Ausência de tensão, de conflito, de oposições, essência do repetitivismo e do minimalismo: modal, anti-serial ou misto. Malevitch e Mondrian, na pintura, Terry Riley ou Steve Reich na música. Sons de contemplação, de relaxe. Música cinematográfica.
2012