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Entre os compositores da chamada “Escola de Viena” (Arnold Schönberg, Alban Berg e Anton Webern), Webern é habitualmente considerado o mais depurado, o mais cristalino, o que mais se acercou de uma essencialidade de meios e técnicas, aquele que mais radicalmente entendeu as implicações profundas da ideia de “série”, levando-a a um extremo de concisão e intensidade, conseguindo manter aceso o fogo incandescente do expressionismo dentro de finos cristais de gelo translúcidos. Tudo se encontra reduzido ao essencial. Nenhuma nota está a mais, nenhuma a menos. Acrescentar ou retirar uma nota alteraria o balanço e o equilíbrio do todo. Um só intervalo, uma sucessão de apenas duas notas, pode adquirir, nas mãos de Webern, a força imperiosa de toda uma frase de vários compassos de outro compositor. Se para Schönberg a “série” estava ainda próxima da noção de “tema”, e se para Berg ela mais não era do que um pretexto para justificar certos desenvolvimentos livres que a sua fantasia ditava, para Webern ela pode coincidir com a própria obra, determinando-a de um modo muito mais profundo, através do qual as células germinais se encontram presentes e audíveis em todos os níveis da obra acabada.