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  • 1. Vivace assai
    2. Allegretto

    3. Menuetto: Un poco allegretto

    4. Finale: Vivace assai


    Joseph Haydn, representante máximo do Classicismo vienense juntamente com W. A. Mozart e Ludwig van Beethoven, constitui uma figura incontornável no que diz respeito à concepção e definição das formas instrumentais e orquestrais que hoje consideramos como clássicas, nomeadamente a sinfonia. A sua formação musical, com uma forte componente autodidacta, passa por um lugar no coro da Catedral de Santo Estêvão, em Viena, até à idade da mudança de voz e pelas lições de composição de Nicola Porpora, antes de iniciar uma carreira musical que duraria até ao fim dos seus dias. No final da década de ’50 tornou-se Director Musical da capela do Conde von Morzin, na Boémia e, em 1761 entrou ao serviço do príncipe Esterházy, uma das famílias húngaras mais influentes e poderosas, tornando-se mestre de capela em Eisenstadt (cidade que actualmente se situa na Áustria), cargo que ocuparia durante as seguintes três décadas. Aqui dirigia uma orquestra de 25 músicos bem como 12 cantores, tendo a responsabilidade de apresentar semanalmente concertos e óperas para a corte e respectivos convidados assim como, numa base diária, peças para uso privado do príncipe, também ele instrumentista (intérprete de baryton, instrumento da família da viola da gamba) e para quem Haydn viria a escrever uma série de obras de música de câmara.

    Com a morte do príncipe Nicolau, em 1790, e o consequente desinteresse do seu sucessor pela manutenção do aparato musical da corte, Haydn passou a gozar de maior liberdade de acção, apesar de se manter sempre ligado à família Esterházy. Transferiu-se para Viena e empreendeu uma viagem a Inglaterra que se revelaria muito lucrativa. Na capital britânica, Haydn dirigiria inúmeros concertos, e escreveria várias obras, nomeadamente as 12 Sinfonias de Londres.

    Do prolífero catálogo de Haydn (que ainda hoje apresenta inúmeras indefinições nomeadamente pela quantidade de obras que lhe foram erroneamente atribuídas) fazem parte 104 sinfonias, 68 quartetos para cordas, aberturas, divertimentos, serenatas, trios para baryton, trios com piano, 47 sonatas para piano, canções, árias, cantatas, missas entre as quais a Missa de Santa Cecília e a Missa Mariazeller, 26 óperas e 4 oratórias como O Regresso de Tobias, A Criação e As Estações.

     

    Na década de 1780, Joseph Haydn, habituado a um grupo restrito de ouvintes, parte para uma viagem por uma série de capitais europeias ganhando um novo fôlego no domínio da composição. A primeira cidade em que se apresentou foi Paris onde, entre 1785 e 1786, escreveu para o seu exigente público seis sinfonias pelas quais receberia uma elevada soma: 25 luíses de ouro por cada uma.

    A Sinfonia n.º 82 em Dó Maior, “O Urso” é numericamente a primeira das sinfonias parisienses de Haydn, tendo, contudo, sido a última a ser concluída, em 1786. Encomendada pelos Concerts Olympique de la Loge, sociedade de concertos de Paris, a sinfonia foi escrita para uma orquestra de dimensões maiores do que Haydn estava habituado a utilizar, nomeadamente ao nível das secções das madeiras e das cordas. Foi apresentada pela primeira vez em Paris, em 1787, e dirigida pelo conhecido maestro mulato Joseph Boulogne, Chevalier de Saint-Georges.

    Se Haydn constrói a maior parte das sinfonias sobre um esquema de andamentos tripartido Allegro Andante Minuetto, numa fase seguinte passará a adoptar a estrutura de quatro andamentos que viria a corresponder ao cânone do Classicismo e de que a Sinfonia em programa é um exemplo, na sua sequência Vivace Assai Allegretto Minuetto e Trio Finale: Vivace, sendo que este último andamento, geralmente em ritmo de 2/4 ou 4/4, em forma-sonata ou sonata rondó, se passaria a evidenciar como traço característico do estilo do compositor.

    No primeiro andamento, em forma-sonata, a clareza da escrita na exposição e o gosto pela surpresa permitem a Haydn a utilização de dissonâncias na teia harmónica de forma inovadora, mas sem fugir aos cânones do gosto do público da época. O Allegretto que constitui o segundo andamento assenta numa série de variações sobre temas com um certo cariz popular. No andamento seguinte, o Trio, de carácter arioso, contrasta com a intensidade e cor do Minuetto. A obra termina em Vivace, em forma-sonata. O epíteto popularmente utilizado para a denominação da Sinfonia n.º 82, “O Urso” é justamente inspirado pelo último andamento em que o compositor alude à sonoridade da gaita-de-foles (“Dudelsack”) e em que um bordão obtido a partir do uníssono dos violoncelos e contrabaixos, com uma apogiatura em Si repetida no início de cada compasso, conferindo ao andamento um carácter marcado e de certa forma grosseiro, lembrava ao público a música usada para acompanhar os então comuns espectáculos de rua em que eram apresentados ursos a dançar.


    Rosa Paula Rocha Pinto, 2007

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