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Seguindo a tradicional forma de Tema e Variações (16 variações), começa com um solo do violino que reproduz o tema original do mais conhecido capricho para violino solo de Paganini. Como que respondendo à provocação lançada pelo violino, o tutti orquestral responde abrindo o leque sonoro em rápidas escalas.
A primeira variação dá o protagonismo melódico aos clarinetes num ritmo aparentado com o galope. A segunda opta por uma melodia em tercinas no oboé e tem uma textura camerística, bem mais reduzida e com diversos ritmos sincopados. A terceira é mais rápida e as diversas acentuações dinâmicas reforçam um carácter indicado como “feroz”. É mais extensa e virtuosa, constituindo um dramático tour de force. A quarta variação é mais lenta, em Andante, e nostálgica, parecendo um coral sob uma nota pedal no registo sobreagudo do violino. A quinta variação, onde se destaca o solo do clarinete, é mais rítmica, quase jazzística. A sexta divide-se numa parte coral sincopada e numa parte mais rítmica onde a flauta é solista. As rápidas escalas do tutti que já se tinham ouvido na apresentação do tema dominam a sétima variação, mas agora ganhando uma sonoridade distinta. A variação 8 divide-se em secções diferentes, começando delicadamente com os pizzicatos das cordas e terminando num diálogo entre os diversos naipes da orquestra. A nona variação é grandiosa, com o tutti orquestral em fortíssimo, desencadeando numa variação contrastante com a flauta a realizar uma marcha solitária, à qual responde o clarinete de forma um pouco enigmática. A 11ª variação parece um hoquetus de células de quatro notas muito rápidas que transitam entre instrumentos. Na 12ª, o tema volta a estar muito presente no naipe das cordas, ao qual respondem sucessivamente as madeiras e os metais. Segue-se uma variação num delicado ritmo de dança e depois, num registo mais caótico, regressam as linhas melódicas em ritmo de tercinas. Na 15ª variação são as trompas que ganham o protagonismo numa sonoridade muito rítmica a fazer lembrar uma big band. A secção mais rítmica vai desembocar momentaneamente num insinuante solo do clarinete para regressar depois de forma ainda mais exuberante. A 16ª começa num registo nervoso e termina a obra num registo quase neurótico, com um motivo extremamente rápido que conduz a música a um final apoteótico.
A partitura, terminada em 1947, é dedicada ao maestro e mestre-capela de Berlim, Johannes Schüler.
Rui Pereira, 2012